Severus Snape é um bom exemplo de que tipo de professor nãos ser. |
Vai chegando o fim do ano, e com ele o fim da minha tão sofrida licenciatura. Faculdade é sempre um período árduo, mas sempre vai valer a pena no final, mesmo se for uma licenciatura.
Quem faz ou fez alguma licenciatura já passou pelo mesmo que eu algumas boas vezes. As pessoas nos veem como malucos masoquistas que decidiram se castigar no décimo terceiro ciclo do inferno. Minha mãe mesmo, achou um absurdo eu seguir o caminho das Letras.
Mas isso é assunto para outro texto! Hoje eu quero falar sobre como me vejo profissionalmente. Por estágios e alguns bicos, tive a experiência de estar em sala de aula como professor, e me ver atuando como tal me fez pensar sobre que tipo de professor e quero ser e que tipo de professor eu NÃO quero ser.
É muito engraçado como nós que decidimos seguir a carreira do magistrado o fazemos por causa de algum bom professor que tivemos na vida. Quem me segue nas redes sociais há algum tempo sabe que escolhi esse ofício devido a três grandes mestres que tive no ensino médio: Prof. Leandro A. Rodrigues, Prof. Alessandro Garcia e Prof.ª Lara Sayão. É claro que minha educação foi repleta de bons professores, sobretudo no ensino médio (Levi, Flaviane, Verônica, Diva), mas esses me marcaram muito, não por serem melhor que os outros (recuso-me a fazer um pódio), mas porque me marcaram mais no modo de ser professor. Desconfio que o professor que pretendo ser seja uma mistura desses três.
Em primeiro lugar, quero ser um professor que domina sua matéria. Queria ter a habilidade do Leandro (professor de português) para comentar qualquer livro literário da matéria com a propriedade de alguém que leu e releu.
Mas só saber muito não é o bastante, eu gostaria de ser capaz de transferir esse conhecimento facilmente. Uma boa forma de fazer isso é falando com gosto daquilo que se ensina. O Leandro falava de Literatura com tanto amor que eu pensei com meus botões “Uau, isso deve ser bom mesmo”, e deu no que deu, foi o curso que escolhi. A forma da Lara falar de filosofia era único, ela não queria ensinar uma matéria fossilizada, ela nos ensinou antes a filosofar. O prazer que ela sentia em argumentar era tamanho que nos sentíamos transportados de volta a Grécia Antiga, e procurávamos pelo arché. Ela tinha um controle tão grande da situação que, quando a sala se agitava, sem a mínima necessidade de se exaltar, ela apenas estalava o dedo três vezes, e todos ficavam quietos para ver o que ela ia falar. E por fim o Alessandro (professor de sociologia), esse adorava uma boa discussão, ele levantava debates e se divertia em ver como todos ficavam tentados a opinar. Nunca vi ninguém se sentir tão a vontade numa sala de aula, eu diria até que aquele espaço foi criado especialmente para ele.
E é claro, quero ser amigo dos meus alunos. Quero ser aquele professor que o aluno fica contente de encontrar na rua e vem cumprimentar. Quero ser aquele professor que os alunos vem conversar sobre o que estão lendo, o que querem fazer no futuro e o que gostam. E por fim, quero fazer a diferença na vida dos meus alunos, como esses fizeram.
Agora, e o tipo de professor que eu NÃO pretendo ser? Acho que a receita se dá da mesma forma. Eu penso em maus professores que tive (não os nomearei) e penso comigo “será que tal professor fara isso?”. Se a resposta for positiva, eu sigo o caminho contrário. O modo de agir desses professores se tornou um campo minado onde não me atrevo a pisar.
Dessa forma, eu evito ao máximo ser um professor que desconhece o conteúdo que ensina. E se o sei bem, fico preocupado se estou transmitindo aquilo de uma forma compreensível para todos. Não quero ser como um professor que tive que fez duas faculdades ao mesmo tempo (o cara era um gênio), mas não conseguia explicar nada do conteúdo, e se confundia nas próprias explicações e nos exemplos que dava.
Um professor apático que finge que ensina e depois “passa todo mundo” também não dá.
Um professor punitivo e tirano também está fora dos eixos para mim. Não quero ficar perseguindo aluno e castigando turmas, pois como aluno passei por isso e sei que é uma aflição imensa. Não quero ser visto como “Severus Snape” por nenhum aluno! Para fugir disso, tento ser o máximo brincalhão e amigo o possível. Isso não é difícil, dado meu gênio.
Se tem outro tipo de professor que eu não suportaria ser é o manipulador. Aquele que passou a faculdade decorando as asneiras marxistas para enfiar na goela das crianças depois. Esse tipo transforma a aula em militância. O saber perde toda a importância e apenas a revolução passa ser vista, essa geração então se torna mais uma geração de imbecis pregadores... e o rebanho vai só crescendo.
Eu jamais submeteria meus alunos a uma lavagem cerebral. Jamais estupraria a mente das crianças. Jamais manipularia o idealismo da juventude. Estou ali para preparar o aluno para que ele, como pessoa pensante, formado e preparado, possa abraçar a causa que desejar. De minha parte não receberá nenhuma inclinação pronta, pois como um ser social ele vai fazer o que achar melhor depois na sua liberdade.
E como a docência é uma profissão, espero ser um bom profissional: ético, responsável e que aprecia o que faz. Espero então não ter desavença com nenhum colega de trabalho, seja ele professor ou técnico administrativo. Pretendo ser pontual e não faltar ao trabalho, a não ser por motivo grave. Chega das crianças voltarem mais cedo para casa porque não tem professor.
Tudo isso se resume então, como já dito, aos modelos de professores que tive. Quero imitar as virtudes dos bons professores que tive, e lutar para não cair nos mesmos erros de professores que não me agradavam. Talvez o resultado seja algo que não agrade a todos, mas não importa. É impossível agradar a todos. Mas eu poderei deitar minha cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, pois fiz o meu melhor naquilo que eu julgo ser o melhor.
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