domingo, 19 de abril de 2015

Demolidor: fim dos dias

Uma das melhores histórias do herói da Cozinha do Inferno.
   Aproveitando essa onda de Demolidor nas redes sociais por causa da sua série na Netflix (que estou assistindo, amando e prometo postar um texto sobre ela amanhã, pois preciso terminar de ver os últimos episódios), eu decidi fazer um pequeno comentário sobre a brilhante saga Demolidor: fim dos dias (Daredevil: end of days, no original), cujo segundo e último volume acabei de adquirir nas bancas.
   Quero começar falando exatamente desse aspecto. A obra original foi lançada em um volume único nos Estados Unidos, mas a Panini Comics pensando apenas no lucro teve algum motivo para achar que seria melhor quebrar a saga em dois volumes.
   Para se montar esse enredo fascinante, foi necessário reunir um baita time: o roteiro é de Brian Michael Bendis (Ultimate Homem-Aranha) e David Mack (Kabuki), e os desenhos de Klaus Janson (Batman: o Cavaleiro das Trevas), Alex Maleev (Novos Vingadores: Illuminati) e o David Mack novamente.
   A história é recomendada apenas para fãs do Demolidor de longa data, pois está repleta de personagens e detalhes que só quem já leu um bom número de aventuras do herói conseguirá compreender perfeitamente.
   É impossível ler esses dois volumes e não se lembrar de Batman: O que Aconteceu ao Cavaleiro das Trevas?, de Neil Gaiman, e Superman: O que aconteceu ao Homem de Aço?, de Alan Moore, pois essa HQ veio para contar como seria o fim do Homem sem Medo num futuro distante ou não. A prova disso é um jornal do Clarim Diário escrito "CAP DEAD" (Capitão América morto) que aparece ao fundo de uma cena.
Com essa proposta, a narrativa gira em torno de uma palavra: "MAPONE". Essa foi a última palavra dita pelo Matt Murdock antes de que o Mercenário o matasse. Ben Urich começa então a investigar sobre o significado dessa palavra.
   Utilizar-se de Ben Urich como canal para que o público veja o Demolidor é sempre algo fascinante. O leitor acaba por ir se envolvendo nas descobertas do jornalista que passa a procurar por cada pessoa que foi próxima do Demolidor e/ou do seu alter ego. É aqui que se faz importante conhecer bem o personagem, pois Urich se encontra com figuras conhecidas por leitores antigos. Ben Urich visita os antigos amores de Murdock: Milla Gillian, Viúva Negra, Mary Tifoide, Eco e Elektra Natchios; encontra com outros personagens do universo Marvel: Nick Fury, Peter Parker e Frank Castle; e até alguns vilões do Demolidor: Gladiador, Coruja, Guerrilheiro, Bullet, Homem Púrpura e a Igreja do Tentáculo. Não citei o Foggy Nelson porque nesse futuro ele teria desfeito a parceria com o Murdock, um prelúdio do fim do herói.
   A narrativa se inicia com o Demolidor sendo assassinado pelo Mercenário no meio da rua e as pessoas da cozinha do Inferno apenas assistem. O autor faz uma reflexão sobre o fim dos heróis e como as pessoas não se importam. Um homem veste um colante e enfrenta bandidos para salvar pessoas e quando ele morre, elas estão ocupadas de mais para se importar.
   Outra reflexão interessante é sobre o que se passou pouco antes da morte do Demolidor, quando ele  mata o Rei do Crime, finalmente ultrapassando sua barreira de moralidade. O que sempre separou o Demolidor de Wilson Fisk tinha sido isso, Matt sempre quis matá-lo, mas sempre se controlou, por fim ele não se segurou. Algo semelhante à relação Batman-Coringa que foi muito bem explorada em Batman: o Cavaleiro das Trevas (Frank Miller) e no jogo Batman: Arkhan City, que comentarei num futuro post.
   Podemos dizer que o Demolidor chegou ao fim quando matou Fisk, e isso é literalmente demonstrado pelo Mercenário. Um dilema interessante das histórias em quadrinhos: o herói deve manter sua conduta ou encontrar seu fim.
   Somente no final do segundo volume o leitor compreende o significado da última palavra dita pelo Demolidor. Há quem não tenha gostado, porque a história acaba criando muita expectativa em relação ao real significado da palavra, mas creio que foi um bom desfecho, digno do fim de um herói (Mas uma vez comparo com Batman: o Cavaleiro das Trevas). Só não entendi porque isso faria com que o Mercenário se matasse, mas ninguém pode compreender a mente de um dos maiores insanos na Casa das Ideias.
   Os desenhos são fantásticos, mesmo aqueles mais distorcidos de quem pessoalmente não sou fã, mas tenho que admitir que ficou um troço bem feito. Adoro sobretudo os pequenos easter eggs espalhados pelas páginas, como o Timmy usando uma camiseta do Homem-Aranha enquanto conversa com o Peter Parker.
   Outra coisa fenomenal são os anexos, duas pequenas histórias (uma em cada volume) tratando de duas paixões de Matt Murdock (mais duas! É, eu sei, ele é um galinha) que não apareceram na história, Stana Morgan e Karen Page. Na primeira, temos um relato de Stana contando como conheceu Matthew, suas impressões e seus sentimentos pelo herói. A segunda é uma dessas histórias de "E se tal coisa tivesse acontecido?" e conta o que teria acontecido se Karen Page não tivesse morrido em Demolidor: Diabo da Guarda (Kevin Smith), mais uma vez eles trabalham com o Demolidor assassinando Wilson Fisk e encontrando seu fim depois disso (ele é julgado e preso). Inclusive, achei de super bom gosto terem anexado essa história aí, pois ela tem a mesma mentalidade dessa.
   Esses volumes foram feitos especialmente para os fãs do Demolidor e é leitura obrigatória para os mesmos.

Demolidor: fim dos dias (volume 1) tem 124 páginas e reúne as edições Daredevil: End of Days 1-4 e uma história retirada de Daredevil 1.5Demolidor: fim dos dias (volume 2) também tem 124 páginas e reúne as edições Daredevil: End of Days 5-8 e What If Karen Had Lived. Cada volume custa R$18,90 e estão encadernadas com papel cartão.

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